sábado, janeiro 26

O ARTISTA A LÁPIS DE COR

Se eu tivesse outra vida
E outra escolha me dessem
Eu seria um desenhador perfeccionista

Primeiramente, analista

Desenharia o mundo
Numa folha de papel maior
Numa escala real a lápis de cor

Desenharia tudo aquilo que gira com o mundo
O globo o Homem os seus gestos

O universo para lá
As emoções os choros e os sorrisos

Desenharia os animais as fábricas as casas
As florestas os rios os mares a chuva e o sol
Realizava uma nova lua feita a partir da mesma
Flores cheiros até ao limite pintado do nunca visto

Depois de tudo colorido
Sobre a superfície maior que tudo
Apagaria tudo o que não me agradasse
Tornar-me-ia um artista do egoísmo

Apagaria certos gestos do Homem
Certos seres e os seus sorrisos
E outros choros para além dos que ficariam

Desenharia mais animais outras fábricas e casas
Florestas mais densas e rios mais dourados
E também outras chuvas com o mesmo sol escondido

Delinearia uma lua cheia permanente
Passava a borracha sobre certos cheiros e algumas flores
Desenhar-me-ia um novo esplendor

Depois de tudo
Transformar-se-ia o Homem
Nesta minha mudança riscada
Um Homem novo filho do paraíso

Mas se no entanto
Este paraíso não fosse para o outro novo Homem
Nenhum pânico me abalaria
A perfeição é um pedestal em construção

De novo esticaria a minha tela de papel
Não mais outra seria tingida
De borracha essências apagaria
De lápis na mão de novo recriaria.

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