segunda-feira, outubro 29

SURREALISMO SMS

"Tenho aqui uma
camisa de
forças!cortam
cabelo a homens?"

"Nessas condições
até eu ficava
traumatizado.era
capaz de chorar de
cada vez que visse
uma carica, ou
sentisse o cheiro
da laranja...não
aguentava!"

quarta-feira, outubro 24

A MEMÓRIA DO MUNDO

As lembranças acumulam-se como pó em armários que são elementos duma vida. São ecos dum tempo que foi e é agora outro, mesmo na essência que as fazem recordar em nós, partículas que somos. Pode-se dizer que a memória é um boomerang mutável e necessário. Igualmente necessário é perceber que o tempo é o sempre, mesmo quando o sempre acaba e se torna numa memória que assim durará. O espaço pode transformar-se em vazio e o vazio pode abolir a matéria que deu forma à vivência, mas nem aí a lembrança se foi, somente porque o vazio é desenrolar do espaço que se fez. E aí, perdurará a memória, o rasto do tempo até ao limite que o é, deixando de o ser… tudo porque o tempo não é aquilo que criamos como tempo, mas apenas a explanação do início até ao sempre. E a lembrança da memória é isso mesmo, aquilo que fica para lá do que lembramos, a continuidade de tudo o que fomos como seres de memórias. Hoje, enquanto escrevo, lembro o que para trás disse, o que para trás ficou. Relembro o que deu origem à escrita que me faz escrever. Agi no cosmos como elemento comparticipante da intemporalidade, dei forma ao presente passado que mesmo que extinto fez faz e sempre fará parte daquilo que está para vir. O mundo pode ruir, vai ruindo num murmurar crescente que acabará em local indescritível mas continuidade daquilo que foi, mas mesmo assim, na outra forma que não sabemos existência, traços de memória demonstrarão o passado que sempre continuará e foi. Certamente não estaremos cá nesse tempo que não o nosso, mas as memórias permanecerão como são, restos capitais da importância que têm. E assim a lembrança é apenas a conclusiva peça dum puzzle gigantesco, a forma multiplicada dos presentes que nos foram oferecidos pelo passado que nos trouxe e que para sempre nos levará em si.(...)

domingo, outubro 21

A ESFERA*

“E eles passeiam-se pelo mundo com a sua imortalidade histórica e inadequada...”

Era uma vez uma pequena esfera. Nessa esfera tudo agia em prol duma finalidade abstracta – mas não muito! Os donos dessa Esfera eram tiranos, seres capazes de tudo quando assim deixavam; mais abaixo da tirania institucionalizada havia outros mais seres, tiranos também, mas de um egoísmo menor.

Os tiranos superiores agiam mesmo com os bolsos a romper de tanto peso - isso não os preocupava, o cangalheiro coseria os bolsos que já não o eram ou até faria um novo fato de ordem fúnebre.

Os tiranos inferiores, desgraçados, gostavam de ter pena própria, e até, com um deturpado sentido de orgulho, ostentar símbolos ordenados pela tirania superior.

Como foi escrito, os superiores agiam, e como tal - e seria desnecessário escrever - os inferiores não reagiam.

Era uma esfera estranha, um pouco achatada que não nos pólos.

Nalguns dias de sol, palavras soltavam-se duma caixa disforme mas desde sempre pouco alienada, mas mesmo nesses dias, as palavras não eram actos e outros actos não deixavam de seguir o seu rumo.

Em dias de chuva, que eram cada vez em maior número, palavras antecediam actos e os actos formavam o seu rumo.

A chuva já há algum tempo, gradualmente, que ganhava outros contornos. Era uma chuva metálica e estridente que se arrastava pelos dias da esfera não a atingindo fisicamente em toda a sua superfície. Sendo uma chuva proveniente de actos congruentemente elaborados pelos tiranos superiores, os locais a humedecer pelas lágrimas eram escolhidos pelos dedos do interesse dourado – isto simbolicamente falando!

Os outros tiranos, os inferiores – somente pelo gosto de terem razões para falar sem agir – iam vendo pelos próprios os olhos a chuva cair como bombas nos seus quintais matando as suas couves e demais legumes – isto sarcasticamente falando!

Resumindo, naquela esfera - que não é de maneira alguma aquela que temos na palma da mão - a chuva caía aos olhos de todos, e cedo ou tarde podia mesmo cair para todos de corpo inteiro.

E assim, o medo – o catalizador de todos os problemas e de todas as soluções – ia ganhando espaço geográfico.

Um dia todos perceberam que a tirania já não era nem superior nem inferior. A tirania era então a próprio esfera.

Os superiores, sem se perceber se felizes ou entristecidos, por lá prosseguiam a sua caminhada árdua pelo forro dos seus bolsos.

Os inferiores, coitados, por lá corriam como baratas tontas numa sala blindada sem nada de necessário à sua condição natural.

Era triste saber que a esfera tinha absorvido anos de coragem e medo para assim formar uma tirania irreversível. Era a esfera agora, formada tirania dos tiranos, inferiores e superiores, corajosos e medrosos.

Certo dia, nem se interiorizou quando, uma tirania faleceu. Vergonhosamente, nem cangalheiros havia para lhe dar um fato decente para o funeral da memória; mas nesse acertado dia, obra da esfera tirana duma tirania que não a dos seres opostos, a esfera permaneceu – a sua luta tinha sido renhida, adequada às necessidades naturais da existência.


* este título é o nome da futura seita religiosa apocalítica, em que sou sacerdote supremo, que terá lugar no meu sotão todos os sábados à tarde das 15h às 17h. Quem estiver interessado veja o filme de título homónimo como pré-requisito de admissão. Só serão admitidos maiores de 18 anos com carta de condução e de preferência que possuam carros de alta cilindrada ou chassos antecedentes ao ano de mil novecentos e setenta. Para os mais cépticos mas possuídores dum apetite voraz e lambareiro, todos os serões serão acompanhados por bolachas com cobertura de chocolate.

TEMA DO SERÃO DO PRÓXIMO SÁBADO:

"O mundo está nas vossas mãos e não nas do Senhor."

quarta-feira, outubro 10

E AFINAL DEUS EXISTE!

Mudei de ramo. Sou agora macaco noutro galho. Desta vez – mais uma experiência – sou técnico de montagem de elevadores. Nem sabem, é um sobe e desce constante. Depois de ir receber um cheque referente ao trabalho anterior, fui indicado para ir montar um elevador a uma dessas igrejas pós modernas em que a divindade aparece bem representada nas linhas que a sustentam. Escusado será dizer que nessa igreja existirá um elevador, para oito pessoas, talvez para elevá-las ao céu do todo-poderoso senhor. Prosseguindo. Não sou um gajo religioso e nem diabólico tampouco, mas hoje foi um dia em que a mão divina repousou sobre a minha cabeça, tal entidade não permitiu que eu trabalhasse da parte da manhã - os seus desígnios são supremos. A falta de andaimes demonstrou que era da sua vontade ver-me descansado a contemplar o esqueleto da sua construtiva casa. Hoje algo mudou. Sinto-me uma pessoa diferente e abençoada.

domingo, outubro 7

O NEVOEIRO DA MANHÃ

A manhã fez-se ao acordar
Como flor que acorda da terra húmida
E se esventra em poses miraculosas

Pelo rolar da estrada em que ando
O mundo não é mais do que um palmo
Um palmo cheio de tudo o que é a imaginação

A aura do nevoeiro paira a partir do que não vejo

O limite que nos dá
É o que não é

O invisível
Ganha asas
Sob os olhos da minha alma

Redesenho o horizonte
Para lá da barreira pluviosa

Escrevo em mente
A história do plano terrestre
Em formas magicadas pelo sonho

A mística do que não vejo
Assoma-me em proporções divinais
Na procura do mundo que quero

O destino chega até mim

Tudo se desdobra e mostra
Em liberdades que não tenho

A mão crava em sonho
A memória do que sinto.

terça-feira, outubro 2

POLITIKISSES!













"Sou uma queque. Mas fui a deputada que mais fez por Leiria e conheço todos os camionistas das estações de serviço"
TERESA CAEIRO, deputada do CDS/PP, Única
Ora aqui está a prova de que os camionistas não usam caixote do lixo.