quarta-feira, abril 30

O SONHO EM MARCHA

O homem por dentro é desconforme. É ele e todos os mortos. É uma sombra desmedida: encerra em si a vastidão do Universo. E com isto teve de atender a máscara. Para poder viver teve de se transformar e de esquecer a figura real por a figura de todos os dias. Agora todos somos fantasmas - todos somos afinal só fantasmas, e o que construimos já não cabe entre as quatro paredes da matéria...

Todos temos de matar, todos temos de destruir. Todos temos de deitar abaixo.


Raul Brandão

sexta-feira, abril 25

HOJE É DIA DE FESTA (25 DE ABRIL DE 2008)

"Quando os homens mais proeminentes do mundo da finança escancaram atitudes moralmente obtusas e anti-sociais, chega-se à conclusão de que o verdadeiro inimigo do capital não é o comunismo, mas os capitalistas e sua corte de escribas e advogados".


The House of Morgan Ron Chernow

segunda-feira, abril 14

BASTIDORES DA SELVA ABRANGENTE

Os subúrbios são o espaço da mistura de espécies individuais, a possibilidade num jogo aleatório dos espíritos, uma intimidade essência do percurso construtor do destino. Por vezes um encontro é a base para o uno, a área do tu eu, confronto saudável e progresso na identificação que nos rege a euforia alegre, o caminho que os hábitos determinam, o previsto analisado e absorvido em consonância com o tempo que nos molda, como felizes contemplados num concurso de milhões de notas em música aquecida por um espírito latino rebelde que vai amolecendo confortavelmente -a inércia a subir pela via da esquerda, a rápida que nos imobiliza galopante pela estrada, ao traçado pessoal que transfigura porque o tempo é o presente, os restos do passado amadurecidos em casca de carvalho, o processo do tempo em desmultiplicação acontecida por fragmentos doces e oriundos das profundezas do princípio que é a razão desconhecida, a razão que não se fez por nós, a que se foi fazendo sem se ver quando distraídos pela vivência, a vivência que é vida, o limbo da vitória, a união segmentada pela disponibilidade dos encontros, -a probabilidade lançada à velocidade de tudo o que vai acontecendo aceitavelmente: mar flutuante e cheio, com rochas que atingem os montes que não tocam na superfície da água, os montes das nuvens fofas e apaziguantes, as almofadas que dissimulam a realidade acutilante. As pessoas circulam pela matéria que ordena o traçado cósmico como elemento necessário e natural, passeiam pelo habitat que nos molda como barro que difere na plasticidade de cada preparação, do avançar particular e conciso, à qualidade da origem que se procura, no presente da magia. Os truques e ilusões sucedem como peixes munidos de ferros, ampolas ingeridas a golfadas enérgicas capazes de levarem à perfeição do homem equilibrista sobre o fio pesado pelo corpo que se mantém apaziguado sobre uma plateia de palmas em pé sobre outros fios de equilíbrio. Os meandros da cidade são assim, cristalização das areias douradas em noites de Inverno Palaciano. É bela a mistela, babel no seu auge sentimental, não há terra certa mas apenas uma forte vontade de viver sobrevivente da selva, a selva mágica com lianas que são fios emaranhados pela mente, pelo espaço místico, mistério, a alquimia da química do cérebro ao serviço do avanço das formas manuseadas pelas tenazes do caranguejo transversal desajeitado que age por instinto nos Bastidores da Selva.
A selva é um mar, a fusão de raízes que se escrevem no crânio interliga-se harmoniosamente.

segunda-feira, abril 7

DIAGNÓSTICO PEDIÁTRICO

Cresceu, cresceu
Não mais o mesmo
Nunca o mesmo
Cresceu e nunca mais o mesmo

Descobriu a prática
A necessidade pela prática
A prática pela experiência
A necessidade na necessidade

Evoluiu o sangue
A mestria dos corpos
Até que para lá se esticou

Do corpo descobriu o engenho
Da compreensão dos gestos
Do aprofundamento da matéria
Da carne quente que se quer manter
Sempre diferente
Para sempre evolução
Para lá da naturalidade

As próteses para o mundo
Emaranhado da técnica
Da ancestralidade selvática

Os braços extensíveis
Da exponencial carência

Cresceu, cresceu
Não mais o mesmo
Nunca o mesmo
Cresceu e nunca
Nunca
Nunca mais o mesmo

quarta-feira, abril 2

INDIE-COCK-PLOC-CHOC-RETRO

Que belo que é! Jovens preconceituosos tão abertos à cultura de plástico que lhes é entregue, a rotular supostas perversões! Perversos meninos da minha idade, cheios de dores, prestes a descarregar nas dores dos outros. Idílico até! Meninos na moda a escreverem histórias infantis em jeito de quem faz beicinho só porque prontos! Dispensava bem certas opiniões e a de certos meninos bania-as da face da terra! Mas como o ridículo é das essências que mais me fascina, até acho aceitável, hilariante! Tenho pena de dar importância a esse tipo de meninos, mas sinto a necessidade de pagar com a mesma moeda, uma moeda mais pequena sem dúvida e sem tanto engenho. Por isso, meu menino, sim, tu mesmo. Não me dês esse tipo de importância, não mereço nem quero merecer, muito menos dum estereotipado menino como tu, que tão bem personifica essa moda pseudo-contra-cultural que cresce tão harmoniosa e extraordinária.