segunda-feira, julho 17

Destroços



















Acordo entre os destroços
Moveis, cadeiras, secretárias,
Entre as paredes manchadas de branco;
Penso no que fazer, no futuro
E anseio o passado longínquo,
Sem receios nem hesitações.
Procuro o impossível entre o entulho
Confuso, heterogéneo, alienante
Procuro o que não vejo
O que não verei, o que não sinto!
No chão em que peso, sinto-me…
Não sei como, mas sinto
Estupidamente, inexplicavelmente…
Sinto-me vazio talvez
Ou talvez sinta o vazio,
Sinceramente ainda não sei…
Não te vejo, onde andas?
Não te procuro, porque não vens?
Eu não me sinto viver…
Não sinto o teu cheiro
A tua doce respiração,
Não vejo os teus olhos
Não vejo uma direcção…
Não me sinto respirar
Não me sinto querer
Nem tão pouco pesar…
O que tenho? Não sei,
Chamam-lhe loucura…
De onde veio? Não sei…
Veio de mim certamente,
De que parte?
Ainda não sei…
Não sei nada,
Não te sei procurar
Não sei amar
E isso dói-me…
Sou mais um apático,
Um inútil coerente (?)
Uma sombra clara
Entre sombras que escurecem…
Quero viver e não vivo,
Quero vida e não a vejo
Quero respirar e não respiro.