segunda-feira, julho 16

O SOFÁ

Absorvo-me num sofá
Em tudo o que ele me pode mostrar
Explosões cerebrais
Recordações duma imaginativa concreta
O seu tecido, a sua cor as suas pessoas
Mãos que lhe deram forma
Capazes de me fazer recordar sonhando?
Quedo-me na sua questionação para lá dum olhar
Quanto tempo faz? Foi dado envelhecido, gasto pelo tempo
Onde esteve, por onde andou? O toque que lhe foi sentido
Está velho, tem história um conto magicado por mim
Um amor que ali começou a afagar, apaixonou o homem
Que aqui escreve escreveu
Alguém o formalizou antecedentemente
Talvez uma mulher de cabelos encaracolados
Pelas mesmas mãos delicadas que penteavam meditativo espelho
Embaciado pelo banho do repouso de fim de tarde

Pernas aplainadas pela condutiva ancestralidade
Utensílios na sombra duma oficina fechada por hoje
Martelos, pregos, tecidos e todos os demais amigos
Unidos para fazer recordar uma noite
A noite do sofá que me olha demonstrando-se
Misterioso o suficiente para me fazer voar para lá
Para o tempo passado pelo presente que já foi…

Deito-me nele, acabo as linhas que lhe dão forma
Amparada no cansaço de acordado
Conforto-me nas palavras que me trouxe
Enquanto espero sonhos de olhar agora fechado

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