quinta-feira, setembro 11

O ETERNO RETORNO

Fecha a tua mão e sente as moedas
que nela pesam por gastar. É esse
o preço do dinheiro, o peso de menos
um copo, a fome para menos uma sandes,
a mão, ocupada por símbolos merdosos.

Não me esqueço daquela brasileira
a do para quê tanto dinheiro, tal como
não esqueço que, o corpo, assim como
o dinheiro, é só pra gastar.

E só por isso, – e, caso te condenes
exclusivamente à miserabilidade
das letras – não te esqueças também
de abrir a mão, deixar fugir a pomba:
por mais negra e pesada que seja.

De resto, abrir a mão para esperar troco
é o gesto que se perpetua na escrita.

1 comentário:

Diogo Vaz Pinto disse...

Gosto bastante deste teu poema.

Abraço