quinta-feira, agosto 21

NADA DE GRAVE

De imperfeições cresce o amor.
Perfeito, só nas realizações estuporadas.
Dos gestos toscos, das palavras envergonhadas
Cresce o amor como nos filmes onde morre:
Sobressai o lado prosaico da geometria caduca.
Dos silêncios genéricos e do límpido esgoto
Correm as águas transtornadas, não caem
Continuam até ao oceano incerto, mas só porque
De facto o amor não se quer perfeito. Algo falha.
De amar, só mesmo a imperfeição e só depois
A inversão pela ânsia. De tal maneira
Que num dia inesperado, tudo cai como cresceu.

Se assim não for, nada de grave
É só porque o amor não existe.

Sem comentários: