terça-feira, agosto 19

CENTRO DE DESEMPREGO

Se só as costas vergassem
As mãos não suariam. Dizia isto
Enquanto aguardava a sua chamada
Deveria ter uns quarenta anos
Sentia-se perdido, sempre trabalhara
Até então. Na mão, uma senha denunciava
O peso dos números. Na sala
Outros também, a incerteza não espera.
Continuava. Ao menos esta oportunidade
Incerta, claro, é um cartucho a ser queimado
Um último capaz de me devolver à luta
Foi para isto que nasci e cresci, para trabalhar
E agora que me falha, talvez esta senha.

Ao lado, uma senhora ouvia, os seus olhos
Brilhavam enquanto olhava para a sua B46.

No plasma, a lotaria sonora ia fingindo ofícios.

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