E então
Inventaram-se os espelhos
Multiplicaram-nos
Do primeiro reflexo
Aos múltiplos reflexos
Foi assim que se fez o mundo
De espelhos apontados para espelhos
Imagens das imagens
Veículos apontados para o infinito
A verdade a decompor-se
A contaminar-se por ilusões refractadas
Desde a ilusão mais pura
Até ao destino mais incerto
Desde o ponto
Até este novelo
Criaram-se as palavras
Os significados
Avivaram-se actos
Brilhos do movimento
A mentira esquecida pelo espelho
Escondida na imagem da verdade
Espelho que oculta todos os espelhos do tempo
Olhamo-nos ao espelho
E só vemos um reflexo
Nada de sério
Apenas uma imagem
Não somos nós
Apenas um espelho que nos aprisiona
Que nos liberta para lá do concreto
Que nos divide e multiplica matematicamente
Foi isto que nos trouxe o espelho
Muito antes de sequer existir
O reflexo do reflexo dos reflexos do reflexo
Labiríntico caminho sem retorno
Espelho que se quebrou e requebra até ao pó
Direcção antagónica que culmina na origem
Assumimo-nos deuses nesse longínquo dia
Criamos e recriamos e moldamos o mundo
Espelho supremo de toda a criação que nos iludiu
Aquando do primeiro reflexo perdido.
(escrito a partir duma frase de Herberto Helder)
terça-feira, maio 6
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1 comentário:
gostei mt
tás convidado
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