sexta-feira, agosto 8

DEAD LETTERS OFFICE

A noite não me permite à solidão
Recolho-me na contradição dos poetas.
A luz do globo aquece-me dos mais frios,
Para os mais fervorosos, sirvo-me das sombras.

Todos me dizem «vive por muito que sofras
Por pouco que ames, pela loucura que te consome.
Que seja a loucura e não mais pensarás em suicídio»

Já pensei muitas vezes nessa porta, a mão no
Caixilho a aguardar sabe-se lá o quê, talvez a vida
Alteada: amante psicótico da impossibilidade.

Neste quarto respiram poetas. Uns têm mau hálito
E outros cheiram a rosas. Os meus predilectos são os
Que cheiram mal, os que condimentam propósitos para a loucura
Aqueles que não mentem nunca. Os que sussurram «queres vai
Roda a maçaneta, dá um passo em frente, e está feito.»
Os únicos incapazes de se negarem à vida e aos seus caminhos

Contraditórios e tumultuosos como águas duma tempestade.

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