domingo, junho 15

SALDO







À venda o que os judeus não venderam, o que a nobreza e crime não gozaram, o que o amor maldito e a probidade infernal das massas ignoraram; o que nem tempo nem ciência têm que reconhecer:

As Vozes reconstituídas; o despertar fraterno de todas as energias corais e orquestrais e suas aplicações instantâneas; a ocasião, única, de distender os sentidos!

À venda os corpos sem preço, sem distinção de raça, mundo, sexo, descendência! A riqueza irrompe em cada lote! Saldo de diamantes sem controlo!

À venda a anarquia para as massas; a satisfação irreprimível para os amadores superiores; a morte atroz para os fieis e para os amantes!

À venda as casas e as migrações, os sports, as maravilhas e os comforts perfeitos, e o ruído, o movimento e o futuro que fazem!

À venda as aplicações de cálculo e os saltos de harmonia inauditos. Regras e achados nunca suspeitados, entrega imediata.

Ímpeto infinito e insensato de esplendores invisíveis, de delícias insensíveis, e seus segredos enlouquecedores para cada vício, e a sua aterradora alegria para a multidão.

À venda os corpos, as vozes, a imensa opulência inquestionable, o que nunca será vendido! Ainda temos de tudo! Os viajantes não têm que entregar já as suas comissões.


Rimbaud

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