domingo, novembro 11

A RESPEITO DO TRABALHO QUE JÁ NÃO TENHO - SORRIR OU CHORAR?

Cai num vazio que me irrita profundamente. A sua causa é a razão do desconforto que sinto. Mais uma vez encontro-me desempregado. Gostaria de poder não usar tal expressão, preferia de todo poder dizer desocupado, mas uma série de obrigações pessoais intrínsecas a quem tem coisas para pagar, obriga-me a suportar o peso de ser mais um desempregado. O emprego que tinha era no ramo da elevação hidráulica, área esta em que direcções descendentes e ascendentes faziam parte da execução em quase todo o processo até ao final, como em tudo na vida. Só que descender foi a minha última direcção, um rol de circunstâncias levaram a isto. Depois de muitas tentativas de elevação da dignidade fui empurrado pelas costas e cai de novo no chão que noutros tempos me trouxe mazelas. Sou hoje -como gosto eu da palavra hoje - , um homem supostamente livre e digno da sua existência, embora desolado por não poder contribuir para algo que pretendo abnegar absolutamente, sinto-me arrastado e perdido no rio turbulento que é estar morto, elemento entristecido da chamada população activa. Hoje – mais uma vez, a palavra que mais me fascina – esta sociedade que vive das várias áreas produtivas, é um espaço caótico e insuficiente para suportar pessoas como eu, que como todas, têm que ganhar o seu quinhão, o que é de todo assustador, já que a qualificação é cada vez maior e o interesse das estruturas empregadoras e governativas gigantesco -os interesses são muito básicos, aperfeiçoar cada vez mais as máquinas e esquecer que afinal já foram pessoas. É uma verdade dolorosa, isto dependendo do olhar de cada um de nós. Talvez se o meu emprego fosse empregar, mesmo que discordasse de tal robotização, ver-me-ia obrigado a concordar, não tivesse eu em casa contas para pagar! Qualquer coisa como, não concordo tendo em conta o que penso, mas concordo plenamente tendo em conta o que faço e me fazem precisar! E assim o jogo prossegue, a necessidade imposta é a necessidade fundamental substituta.

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