sábado, abril 7

4306

Quatro e trinta e seis da manhã. Ouço um estrondo metálico. Acabo de fazer o que estava a fazer. Vou espreitar a janela aberta por causa do fumo de cigarro. Lá fora, um homem encostado a um poste em pose de quem mija para ele, começa a andar de repente; encosta a mão à parede em pose de indisposição e desespero. Parece estar bêbado, tenho quase a certeza que o está. Prossegue a passo trôpego, vai parando, barafustando, bamboleando doentiamente o corpo como quem se tenta soltar de algo. Gesticula com os braços. Pára de novo em frente a um segundo poste depois de se encostar à parede umas três vezes como quem ampara um desabamento. Prossegue. Bate surpreendido contra um terceiro; diz-lhe qualquer coisa; pára, oscilante, dobra a esquina, perde-se para lá desta minha sensação nocturna...

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