segunda-feira, março 12

RIO CURIOSO

Vimos por este meio pedir
a todos vós um segundo
que este não seja o dever
que se anuncia ao mundo

Somos mais muito mais que o parafuso
é decerto um exagero
já que pensar nestes dias é um abuso
que se paga em desespero

Já lá vai a guilhotina
e nem é caso para tanto
agora a dor corta mais fino
e depois, poupa-se um santo

Vimos sem freios
vimos agora dizer que está podre o reinado
que por mais voltas e revoltas que se der
não passamos do teu gado

Quando nos roubam o sorriso
quando nos enchem os ouvidos
quando nos mostram o paraíso
esfomeados
cobiçam-nos logo os sentidos

Chegai ó deuses cá da terra
vinde ao menos saber
se os que vivem lá na serra
estão prontos para morrer

Haja uma luz, uma estrela que nos aponte
quando perdidos no horizonte
esperando que depois de morta a manhã fria
depois da noite chegue o dia

Como um rio curioso,
fervilhando ao luar,
procura o mar que é sempre um leito carinhoso
onde possa descansar.

TROVANTE (no seu melhor!)

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