terça-feira, fevereiro 13

UM POEMA DE AMOR




Todas as mulheres
Todos os beijos delas as
Formas variadas como amam e
Falam e carecem
As suas orelhas todas elas têm
Orelhas e
Gargantas e vestidos
E sapatos e
Automóveis e ex-
Maridos.
Principalmente
As mulheres são muito
Quentes elas lembram-me a
Torrada amanteigada com manteiga
Derretida
Nela.
Há uma aparência
No olho: elas foram levadas, foram
Enganadas. Não sei mesmo o que
Fazer por
Elas.
Sou
Um bom cozinheiro, um bom
Ouvinte
Mas nunca aprendi a
Dançar - eu estava ocupado
Com coisas maiores.
Mas gostei das camas variadas
Lá delas
Fumar um cigarro
A olhar pro tecto. Não fui nocivo nem
Desonesto. Apenas um
aprendiz.
Sei que todas têm pés e cruzam
Descalças pelo soalho
Enquanto observo os seus tímidos cús na
Penumbra. Sei que gostam de mim algumas até
Me amam
Mas eu amo só umas
Poucas.
Algumas dão-me laranjas e pílulas vitaminicas;
Outras falam mansamente da
Infância e dos pais e das
Paisagens; algumas são quase
Malucas mas nenhumas delas é
Desprovida de sentido; algumas amam
Bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre
São as melhores
Noutras coisas; todas têm limites como eu tenho
Limites que aprendemos
Rapidamente.
Todas as mulheres todas as
Mulheres todos os
Quartos de dormir
Os tapetes as
Fotos as
Cortinas, tudo mais ou menos
Como numa igreja isolada
Raramente se ouve
Uma risada.
Essas orelhas esses
Braços esses
Cotovelos esses olhos
A olhar, o afecto e a
Carência
Sustentaram-me,
Sustentaram-me.
CHARLES BUKOWSKI

Sem comentários: